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HOMEOPATIA
HOMEOPATIA

Nascimento Da Homeopatia

Hahnemann, nasceu em Meissen, Saxónia, região oriental da Alemanha, a 10 de Abril de 1755, tendo-se formado em medicina no ano de 1779, na Universidade de Erlangen, onde defendeu a tese “Considerações sobre as causas e o tratamento dos estados espasmódicos”.
Traduziu e publicou diversas obras, que constituíram uma inestimável contribuição para a literaturamédica da época, destacando-se o seu Dicionário Farmacêutico. 
Considerando inaceitáveis os métodos e a inoperância da medicina clínica, que se orientava
essencialmente pela doutrina dos humores – as doenças eram provocadas pelos maus humores –, que eram purificados através de clisteres, purgas, sangrias e vomitivos, para além da utilização de medicamentos de elevada toxicidade, que ao invés de fortalecerem o paciente, apenas o debilitavam e expunham a patologias sucessivas e constantes, abandonou desalentado a sua prática em 1789, dedicando-se a traduzir obras médicas estrangeiras.
Em 1790, quando traduzia a matéria médica de Cullen, instituidor da Escola Médica de Glasgow, faz a descoberta que o transformou no fundador da homeopatia.
Cullen afirmava que a Cinchona Officinalis– Quina – tinha propriedades tonificantes sobre o
estômago, o que contrariava a experiência de Hahnemann, já que, quando adoeceu de paludismo havia experimentado – devido à sua ingestão – alguns dos sintomas característicos da gastrite.
Desta forma, passou a autoministrar diariamente certa dose dessa planta – medicamento –,
começando a sentir um quadro sintomático que compreendia: tremores, sede, acessos de febre, palpitações; enfim, todos os sintomas característicos das febres intermitentes. Considerando a sua própria experiência, anotou na margem da mencionada obra a frase: “Substâncias que provocam uma espécie de febre, podem curar a febre”. Com ela, lançou os alicerces da nova medicina e do seu princípio fundamental: Os semelhantes são tratados pelos semelhantes.
Desta premissa, partiu para a experimentação de outras substâncias com resultados terapêuticosconfirmados, como o arsénico, obtendo o mesmo tipo de resposta às questões que levantava.
Concluiu então, que um paciente deve ser tratado com a substância capaz de produzir em qualquer organismo são, um quadro sintomático idêntico ao por si apresentado.
Deste modo, Hahnemann determina exaustivamente o maior número de sintomas decorrentes da intoxicação provocada pela administração continuada duma dada substância.
– veja-se o artigo Experimentação Em Homeopatia .
O conjunto de sinais e sintomas obtido é designado por Patogenesia da Substância.
No ano de 1805 publicou a primeira Matéria Médica Homeopática, com 27 substâncias ensaiadas, e respectivas patogenesias.
Após inúmeras experimentações, publicou em 1810, o “Organon da Ciência Médica Racional”, que a partir de 1819, data da 2ª edição, recebeu o título de “Organon da Arte de
Curar”. Considera-se este, como sendo o livro basilar de todo o corpo teórico homeopático – O Organon da Arte de Curar, como livro de base da homeopatia deve ser cuidadosamente estudado.
Aconselha-se ao estudante de homeopatia como primeira abordagem: A Arte de Curar pela Homeopatia O Organon de Samuel Hahnemann / Dr. E.C. Hamly, M.B., Ch. B., M.R.C.G.P. – 1982, 1ª edição da Livraria Roca Ltda., obra que utilizamos e citamos ao longo deste site, no que toca ao dito Organon –.
Até ao ano de 1839 publicou a “Matéria Médica Pura”, que foi dada à estampa entre 1811 e 1826,
em 6 volumes, com um total de 1777 páginas e 64 medicamentos experimentados, e o “Tratado de Moléstias Crónicas”.
A homeopatia é utilizada praticamente em todo o mundo, existindo três escolas dominantes: Unicismo, Pluralismo e Complexismo. Embora as duas últimas Escolas resultem basicamente de toda a doutrina unicista – única Escola puramente hahnemanniana –, a multitude de teorias aditadas aos conceitos básicos promoveu a sua adaptação aos princípios da Medicina Ortodoxa.
Enquanto que o Unicismo se fundamenta no princípio do medicamento único
ou simillimum encontrado com referência à totalidade sintomática do paciente, no pluralismo são receitados dois ou mais medicamentos, tomados alternadamente, com o intuito de cobrir todos os seus sintomas. No Complexismo os medicamentos são tomados simultaneamente.
Existe quem conteste esta distorção da real doutrina homeopática. De outra parte, defende-se a evolução necessária e inelutável da homeopatia em detrimento da perpetuação do purismo exacerbado, quase impraticável na actualidade. Discordamos profundamente desta perspectiva na,medida em que privilegie a celeridade em detrimento da análise cuidada e exaustiva que devepresidir a qualquer método tendente à cura do paciente encarado como um todo.
Acreditamos, que em certa medida se podem equilibrar os pratos da balança, empregando os ensinamentos de uma ou outra Escola, em conformidade com a experiência clínica do terapeuta.
De qualquer modo, frisamos que a nossa abordagem clínica é fundamentalmente Unicista com utilização obrigatória do Repertório Homeopático, como melhor se especificará – ver artigos referentes ao Repertório e à Repertorização –.
Isto não quer dizer, que quer o pluralismo quer o complexismo, não conduzam a resultados
favoráveis e entusiasmantes. São muitos os práticos que o atestam e pacientes que o confirmam.
As nossas escolhas, não podem ou devem em caso algum, manifestar intolerância e compreensão deficiente de atitudes terapêuticas diversas. A nossa intenção deverá ter como objectivo fundamental a produção de curas suaves ou doces, de modo rápido, seguro e duradouro, sem os inconvenientes das terapêuticas agressivas.
Fundamento Da Homeopatia
A homeopatia alicerça-se num trabalho de natureza científica com mais de duzentos anos,
consequência das investigações efectuadas por múltiplos experimentadores que ingeriram
substâncias em doses ponderais, não letais, e registaram meticulosamente os sintomas produzidos, e ainda de registos toxicológicos – quadros sintomáticos obtidos pela ingestão voluntária ou involuntária de substâncias, como o arsénico – e observação de curas clínicas.
Nascem assim as Matérias Médicas, que são numa definição simplista, registos de sintomas – Verbigratia: Matéria Médica Pura, S. Hahnemann; A Cyclopaedia of Drug Pathogenesy, Hughes & Dake; The Encyclopaedia of Pure Materia Medica, T.F. Allen e The Guiding Symptoms of Our Materia Medica, Hering –. 
Com o aumento incessante do número de medicamentos experimentados, face às limitações humanas no concernente à memória – é praticamente impossível um homeopata dominar cabalmente as muitas patogenesias descritas –, realizaram-se Repertórios, índices de sintomas, coligidos das Matérias Médicas ou da mesma forma que estas, realçando-se pela sua importância o Repertório de Kent.
Com mais de 1000 medicamentos descritos nas Matérias Médicas, estas são forçosamente
complementadas pelos Repertórios, que são índices de sinais e sintomas, organizados em capítulos, rubricas e sub-rubricas.
A medicina alopática, método terapêutico pelo qual se efectuam tratamentos com remédios que produzem efeitos diferentes dos da doença a curar, utiliza antídotos – a diarreia é tratada com um medicamento que produz obstipação –, enquanto que a homeopatia utiliza uma dose mínima da substância – de modo a que a sua toxicidade seja eliminada – que provoca o mal que se pretende tratar – o café que impede ou dificulta o sono à maioria dos indivíduos, é utilizado em doses homeopáticas ( doses mínimas) para combater a insónia.
A homeopatia enfrenta e assume o corpo na sua globalidade e os medicamentos têm a função de auxiliar o organismo na autocura, significando isto que se trata o semelhante pelo semelhante – do Grego “homos”/semelhante e “pathos”/sofrimento –.
São três os grandes princípios da doutrina homeopática: Similitude, Globalidade e Infinitesimalidade.
A estes poderemos referir como sua consequência lógica, o do Remédio Único. Em sede de
Homeopatia Unicista, pela utilização conscenciosa do Repertório de Sintomas Homeopáticos, e pelo recurso ao estudo exaustivo das Matérias Médicas, a um determinado paciente, apenas deverá ser receitado um medicamento, o seu simillimum, que na impossibilidade de ser perfeito, deverá aproximar-se o mais possível da totalidade sintomática.
Princípios Da Homeopatia. 
PRINCÍPIO DA SIMILITUDE Hipócrates, que nasceu em 468 a.C. e faleceu em 377 é considerado o pai da medicina ocidental, com duas correntes terapêuticas fundamentais: Contraria Contrariis Curantur e Similia Similibus Curantur.
Hahnemann, na sequência da experimentação de diversas substâncias – verbi gratia, Arsenicum Album, Belladonna – e após ter descoberto que a quina, que destrói a febre, a provoca no indivíduo são, concretizou o princípio normalmente referido como “Similia Similibus Curantur”, ou seja, os semelhantes são curados pelos semelhantes.
Os sintomas de uma determinada doença são curados pela substância altamente diluída – trata-se de uma diluição homeopática que retira a toxicidade ao medicamento, estimulando
concomitantemente as capacidades reaccionais de autocura do organismo –, que produz num corpo são, sintomas artificiais semelhantes aos da doença, quando administrada em dose ponderal – dose forte mas não letal – ou experimental – Hahnemann preconizou também a utilização da trigésima potência centesimal –, e isto, desde que não estejamos perante um caso de incurabilidade ou de lesões absolutamente irreversíveis.
Toda a substância capaz de provocar determinados sintomas num indivíduo são, faz com que estes desapareçam num organismo doente.
Não se trata de combater a doença com a própria doença, mas com algo que se comporta da mesma forma que ela.
O simillimum representa sempre a esperança de cura do paciente e é o medicamento onde os sintomas totais apresentados pelo doente encontram correspondência na respectiva patogenesia ou conjunto de efeitos desencadeados por um remédio.
Este, pode denominar-se o simillimum perfeito.
Um exemplo:
António, apresentou-se a uma consulta homeopática queixando-se de acessos de asma, que começam por volta da meia noite e duram normalmente até às três horas da manhã.
Após interrogatório, manifestou ter um intenso medo da morte, principalmente quando está sozinho, que é mais evidente durante os acessos de asma e que agrava quase sempre entre a uma hora e as três horas da manhã. Tem medo de fantasmas, especialmente à noite, quando apaga a luz para dormir.
O seu estado psíquico sofre alterações bruscas: um dia está excitado e agitado, para no outro estar deprimido e melancólico. Estas modificações de humor surgem, por vezes, no mesmo dia.
Toma medicamentos que lhe foram receitados pelo seu médico de família, mas está convicto de que nunca o irão curar.
É um indivíduo magro, de face marcadamente angulosa e pálida.
Este é nitidamente um tipo Arsenicum Album, de similitude perfeita – veja-se o artigo referente ao medicamento Arsenicum Album –. 
Por vezes – para sermos mais precisos, a maior parte das vezes –, apenas uma parte do quadro sintomático é encontrada na lista de sintomas do remédio mais adequado disponível na Matéria Médica.
Beto tem sensações corporais estranhas. Por vezes sente-se desmaiar, o que faz com que se levante da cama ou da cadeira onde está sentado para caminhar. Sente palpitações intensas, que o levam a pensar que está à beira de um ataque cardíaco, facto que também o faz movimentar atabalhoadamente.
Fica apreensivo quando tem uma entrevista ou tem de participar em qualquer evento que o afaste de casa e do seu círculo de acção normal. Em determinadas alturas tem medo da morte e pensa que vai morrer.
Chega mesmo a predizer o dia em que isso vai acontecer.
Tem medo de andar sozinho, de sair de casa, de multidões.
Tremores da língua e das pernas e dores de cabeça terríveis, sempre que trabalha mais
intensamente. Fica aliviado quando a amarra fortemente com um pano.
A maioria dos sintomas pertence ao quadro de Gelsemium, mas estão presentes outros,
nomeadamente, deArgentum Nitricum e Aconitum Napellus.
Segundo Hahnemann, este medicamento imperfeito ou simillimum possível, deverá ser utilizado na falta de um mais perfeito, sem prejuízo de posterior reavaliação do caso clínico.
A experiência demonstra que se a lei da similitude não for respeitada, os medicamentos
homeopáticos são praticamente ineficazes.
A doutrina hahnemanniana é unicista, porquanto é utilizado um único remédio para a obtenção da cura, contrariamente ao que acontece com o pluralismo – a Escola Pluralista, também conhecida por Escola Francesa, utiliza vários medicamentos simultaneamente ou em intervalos de tomas – e com o complexismo – a Escola Complexista ou Escola Alemã, utiliza em regra, os complexos, constituídos por vários medicamentos combinados na mesma solução excipiente –.
Um terapeuta pluralista, no caso de Beto, poderia receitar os três
medicamentos: Gelsemium, Argentum Nitricume Aconitum. Já um complexista, optaria por vários medicamentos complexos – para a prática do complexismo é de extrema importância o conhecimento do “Ordinatio Antihomotoxica et Materia Medica”, dos Laboratórios Heel, Alemanha, existindo uma versão espanhola –.
Na perspectiva do unicismo não existem remédios equivalentes e portanto, não existem substitutos.
Por outro lado, o homeopata não deve misturá-los, deixando à sorte a determinação do efeito a ser produzido no paciente.
Para que se possam conhecer os efeitos dos medicamentos, impõe-se que só seja receitado um de cada vez. Só assim se poderá avaliar a reacção do doente ao medicamento. Caso se efectue a prescrição de uma maior quantidade de remédios, à avaliação dos efeitos produzidos no paciente acresce a dificuldade de determinar qual dos medicamentos homeopáticos está a produzir um efeito real e benéfico no enfermo. Com os complexos homeopáticos a prescrição simplifica-se, pelo facto de os medicamentos serem estudados – alguns já se encontram patenteados acerca de 50 anos – para patologias específicas.
Pecam por se reportarem às patologias num quadro teórico transportado
e adaptado aos princípios da Medicina Ortodoxa, violentando o princípio fundamental de que em homeopatia não há doenças, mas tão somente doentes.
O Repertório Homeopático, utilizado conjuntamente com a Matéria Médica Homeopática assistirá o homeopata na busca da substância cuja patogenesia se identifique mais com o quadro sintomático do paciente.
Carlos tem uma pele muito seca e doentia. Estão constantemente a surgir erupções escamosas, em vários locais do corpo. Tem prurido, que agrava com o calor do leito.
É um idealista, cheio de teorias filosóficas, que julga inabaláveis.
Não gosta de tomar banho e quando o faz os seus padecimentos são agravados.
Tem diarreia, por volta das 5 horas da manhã, o que o obriga a ir urgentemente à casa de banho.
Utilizando o Repertório Homeopático Digital de Ariovaldo Ribeiro Filho, destacamos os seguintes sintomas – este procedimento só será entendido pelo leitor, quando se consagre ao estudo do Repertório e da Repertorização – :
1 – MENTAL – FILOSOFIA – devaneios filosóficos, grande inclinação a
2 – MENTAL – LAVAR – aversão a lavar-se
3 – RETO – DIARREIA – manhã – 5 h
4 – PELE – ERUPÇÕES - ESCAMOSAS
5 – PELE – PRURIDO – aquecer-se – cama, na
6 – PELE – SECA
7 – GENERALIDADES – BANHAR-SE, lavar-se –agr.
Os 12 primeiros resultados por cobertura foram:
1 – sulph.; 2 – phos.; 3 – calc.; 4 – rhus-t.; 5 – sep.; 6 – clem.; 7 – psor.; 8 – ant-c.; 9 – mez.; 10 – merc.; 11 – kali-c.; 12 – nat-m. ( Nos Repertórios Homeopáticos os medicamentos vêm citados por abreviaturas, devidamente identificadas nos inícios das obras ).
Comparando os resultados com a Matéria Médica, chegamos à conclusão de que o simillimum é Sulfur – estamos novamente perante uma similitude perfeita –. Repertório e Matéria Médica complementam-se na pesquisa do medicamento curador.
O simillimum tem um poder de cura quase extraordinário e podemos verificar que o doente lhe é extremamente sensível. Quanto mais perfeita for a similitude, como consequência da escolha criteriosa do medicamento, mais susceptível será o doente aos seus poderes curativos.
PRINCÍPIO DA GLOBALIDADE
A Homeopatia encara o ser humano duma forma global e este é estudado na sua totalidade.
O homem é considerado em todas as suas vertentes. Ele é o medo, a tristeza, a ansiedade, a excitação sexual, a ausência de libido, a astenia e a fadiga, as relações laborais, familiares, sociais, os distúrbios de memória, cognitivos, o sono reparador ou não, a insónia, os sonhos, sensações, ilusões e delírios, a sede e o apetite, as febres, dores de cabeça, estômago, as lesões orgânicas, os transtornos funcionais, os transtornos e traumas recentes e/ou passados. Estes exemplos ambientam-nos na globalidade do nosso ser e consciencializam-nos para o facto de ser esta a totalidade que reage às agressões interiores ou externas. Encará-la como mera acumulação de partes isoladas é uma fuga à realidade com o intuito de facilitar a actividade terapêutica já que o equilíbrio do sistema orgânico integral resulta da interacção entre os vários subsistemas.
É também em função dessa totalidade, que é prescrito o simillimum.
Em homeopatia não há doenças, só há doentes. Por isso, Hahnemann considerava uma
verdadeira “heresia” afirmar que damos determinado remédio nesta ou naquela patologia, como a Ipeca ou a Drosera para a tosse, a Ignatia para a distonia neurovegetativa e Lachesis para os distúrbios da menopausa. O que se cura é o paciente com tosse, com distonia neurovegetativa e com distúrbios menopáusicos e não a designação da doença. Praticar a homeopatia nesta última formulação é confundi-la por identificação de métodos, com a medicina alopática. Actualmente, pelo menos em território Europeu, tende-se à utilização da homeopatia mediante os princípios da Medicina Ortodoxa. É inelutável, que o contributo da prática médica ortodoxa é de um valor inestimável para a homeopatia, embora não seja fundamental, mas o transporte ou impregnação do corpo teórico da Homeopatia pelo da Medicina Ortodoxa só faz com que se passe a ver a doença em
detrimento do doente.
O complexismo é utilizado maioritariamente de acordo com as patologias tal
como são conhecidas na Medicina Ortodoxa. Tal facto, embora não possa permitir que a escolha do medicamento, por muito criteriosa que seja, determine a perfeita cura do paciente – só quando se escolhe o medicamento visando o doente e não a doença é que se pode ter maior certeza de promover a cura e o restabelecimento do enfermo –, permite uma rápida actuação no quadro sintomático imediato, facultando alívios que propiciam no tempo, a ulterior pesquisa do simillimum.
Mas é de não esquecer, que embora a utilização dos complexos homeopáticos possa ser aliciante pelo pragmatismo e rapidez de prescrição, o que se cura, ou tende a curar, é o doente e não a doença.
Considerando o homem no seu centro, digamos impropriamente, na sua essência, nos chamados sintomas da imaginação – que englobam as sensações, sonhos, ilusões e delírios –, biopatográficos ou etiológicos – envolvem os transtornos causados por acontecimentos, traumáticos ou não – , mentais – medo, depressão, ansiedade, astenia, agitação, inquietude, memória, cognição,
capacidade de valoração dos factos, inteligência, entre outros –e gerais – sede, apetite, transpiração, sono, fezes, urina, etc. – pode ocorrer que o medicamento escolhido não tenha presente na sua patogenesia os sintomas locais – quisto no ovário esquerdo ou úlcera gástrica –. Caso isto suceda, não constitui um óbice à aplicação do medicamento, visto que o remédio que cura o doente faculta o desaparecimento dos sinais e sintomas particulares.
O organismo funcionando como um todo, pela acção do simillimum, perfeito ou imperfeito,
restabelece o seu próprio equilíbrio, caminhando pela vereda da saúde.
PRINCÍPIO DA INFINITESIMALIDADE
A infinitesimalidade é um corolário directo e imediato da similitude.
Os medicamentos homeopáticos são essencialmente utilizados em doses de altas diluições, por duas razões fundamentais:
1. As substâncias utilizadas em dose ponderal, podem nalguns casos apresentar um grau de
toxicidade capaz de maior ou menor agressão ao organismo do paciente, pelo que,
submetendo-as a diluições sucessivas anulamos os efeitos indesejáveis, enquanto a acção
terapêutica se mantém;
2. Quanto maior a diluição mais profundo e duradouro é o efeito do medicamento, e isto,
desde que correctamente prescrito. 
Hahnemann, para além de submeter as substâncias medicamentosas a sucessivas diluições, dinamizou-as por intermédio de uma agitação vigorosa e rítmica.
As principais doses altamente diluídas, são as decimais, centesimais e cinquenta milesimais.
De referir ainda as Korsakovianas, que podem atingir o valor de 100.000 – 100.000 K –.
Para a realização das sucessivas dinamizações, o prático ou o farmacêutico deve dispor de frascos novos, previamente lavados com água e secos posteriormente.
Tratando-se de tintura mãe ou substância líquida, coloca-se no primeiro frasco uma parte em peso daquela, completando-a com 99 partes de um veículo apropriado – água bidestilada e álcool a 38 ou 40º -, agitando-se vigorosamente cem vezes. Esta diluição, seguida de dinamização, constitui a primeira centesimal (1ª CH).
Desta 1ª centesimal, deita-se 1 ml num outro frasco com 99 ml de excipiente. Agita-se igualmente 100 vezes e obtém-se a 2ª centesimal (2ª CH).
Este processo repete-se sucessivamente quantas vezes forem necessárias para produzir a potência desejada.
As decimais são obtidas pelo mesmo processo só que numa relação de 1/10.
No que às triturações respeita, a substância sólida é previamente reduzida a pó e triturada num almofariz, juntando-se-lhe lactose. A proporção das substâncias é calculada para que se obtenha uma 1ª centesimal ou decimal. A trituração é executada pelo menos durante vinte minutos.
Para obter a 2ª centesimal ou decimal, junta-se uma parte do triturado com 99 ou 9 partes de lactose e procede-se a nova trituração.
O mesmo, para a obtenção da 3ª centesimal.
De seguida, passa-se ao meio líquido, procedendo-se como atrás se mencionou, já que todos os produtos são solúveis a partir da 4ª centesimal.
O remédio homeopático é o resultado de um produto inicial submetido a diluições sucessivas, acompanhadas simultaneamente de agitação e ritmo – este processo denomina-se dinamização ou sucussão –.
No princípio das suas experimentações, Hahnemann começou por diluir as substâncias em álcool ou água, utilizando diversas proporções. No entanto, apercebeu-se que os resultados ficavam longe das suas expectativas. Daí imprimiu-lhes uma agitação violenta, que denominou sucussão.
Assim, àssucessivas diluições, intercalou agitações rítmicas e vigorosas, que replicaram a informação original do medicamento, potenciando a sua eficácia curativa.
A Doença
A saúde configura-se como um estado de harmonia entre a mente e o corpo, estado esse que pressupõe o equilíbrio, quer das funções cerebrais, quer dos diversos órgãos.
A doença na concepção de Hahnemann, é algo invisível. É um distúrbio da força vital invisível.
Hahnemann considera como força vital a vida que anima um ser vivo. Toda a globalidade
psicossomática da entidade viva estruturada no interior de um invólucro, que sem os compostos que o “animem”, nada mais é do que um cadáver.
A definição de saúde não é compreensível sem que tenhamos em linha de conta o “SER” global, nos seus três níveis de existência: o mental, o emocional e o físico. “A carência fundamental da medicina moderna, mecanicista e materialista, é a de ter ignorado e ocultado a realidade holística do ser humano no âmbito da saúde e da enfermidade.
Também é consequência de ter ignorado e ocultado as leis da vida por uma ausência total de educação e de informação” – Laurent Messian –.
A nossa luta permanente, desde o nascimento até à morte, constitui-se como um combate
duradouro contra as agressões do meio ambiente, o que implica um equilíbrio dos três níveis de existência e um fortalecimento constante do sistema imunitário.
Estamos doentes, em regra, quando o nosso sistema imunitário é portador de uma deficiência específica.
Tratar uma determinada patologia ou prevenir patologias futuras, implica grosso modo, o reequilíbrio de todas as nossas funções e consequente reforço da imunidade.
A doença que não tem necessidade de intervenção cirúrgica ou é aguda, crónica, por abuso de medicamentos ou por deficientes condições de vida.
Muito antes da conceptualização da Medicina Psicossomática, aquele afirma que existem doenças psíquicas geradas por doenças físicas e moléstias orgânicas condicionadas pela persistência de ansiedades, aborrecimentos, irritações, injustiças, medos, mágoas e traumas, que em pouco tempo podem destruir a saúde física.
As doenças do homem físico, são as do homem psíquico. Quanto mais forem as queixas físicas, mais doente estará o indivíduo. Se predominarem as queixas psíquicas, a terapêutica homeopática será extraordinariamente eficaz impedindo que o paciente seja acometido ulteriormente por padecimentos orgânicos.
Na doença aguda, decorrendo da sua actualidade, os principais sintomas são facilmente
individualizáveis, exigindo-se um pequeno esforço do homeopata e do paciente para se delinear o quadro clínico.
Seleccionado e ministrado o correcto medicamento homeopático, a doença declinará
imperceptivelmente, levando algumas horas se é de recente instalação ou mais tempo se for de longa duração constatando-se primariamente a melhoria do estado mental. Um aumento do conforto, da serenidade e de certo modo, da alegria com retorno ao estado natural de equilíbrio, é um índice seguro de melhoria.
Coabitação de doenças.
Não deixa de ser frequente, que duas ou mais doenças coexistam no mesmo organismo
simultaneamente.
Caso tal facto suceda, a força relativa das enfermidades é que determina qual
prevalecerá.
Na presença de duas doenças distintas no mesmo organismo e sendo a mais antiga de força
superior à que foi contraída recentemente, observar-se-á que a mais actual será repelida pela original – não se verifica uma aniquilação da enfermidade mais recente, mas sim, uma total inabilidade desta em penetrar no organismo–.Caso a doença recentemente instalada tenha uma força superior à doença que já residia no organismo, ocorrerá que a mais antiga permanecerá estacionária até que a neoformada complete o seu curso natural.
Resulta deste conceito que a Dinamis ou Força Vital não consegue curar uma doença com a
instalação de uma outra diferente – “ A Natureza não consegue curar uma doença com a instalação de outra, mesmo que mais forte se a nova doença for diferente daquela já presente no organismo” –, mesmo de força superior. Somente nas circunstâncias em que ambas as doenças se assemelham na sua sintomatologia é que se experimenta a aniquilação mútua das enfermidades.
Dificilmente uma doença aguda constituirá um quadro complexo com uma crónica. Aquela excluirá esta, temporariamente. 
Iatrogenia
No seio das doenças crónicas surge um grupo de enfermidades que tem aumentado no decorrer das décadas e que, infelizmente, se assumem como as mais graves e incuráveis das doenças de longa duração.
Referimo-nos às doenças iatrogénicas, ou seja, aquelas que são produzidas por acções
médico-terapêuticas inadequadas.
Aqui vai assumir uma importância, que não pode ser atribuída a qualquer outra terapêutica ortodoxa ou alternativa, a Isopatia, com a inerente dessensibilização do organismo, extirpando as toxinas acumuladas pelo efeito antídoto.
Hahnemann afirma ser praticamente impossível proceder à cura de tais enfermidades, após estas terem ultrapassado certa fase do seu quadro evolutivo.
Noutro artigo, teremos em conta as denominadas barreiras ou obstáculos produzidos por
medicamentos alopáticos ao pleno efeito dos medicamentos homeopáticos.
Diáteses
Diátese é o conceito actual que além de englobar a doença crónica resultante de acção miasmática a que se refere Hahnemann, enquadra o conceito de modo reaccional patológico – diátese é um conceito que surgiu com a Escola Pluralista, correspondendo à doença hahnemanniana crónica –. “Emanações que outrora eram consideradas, erradamente, como causadoras de doenças e que provinham de detritos orgânicos em decomposição ou de doenças infecto-contagiosas e cujos efeitos se podem assemelhar, em parte, à acção microbiana no organismo”.
Embora esta seja a definição de miasmas, que comumente se pode encontrar num dicionário, a realidade doutrinária homeopática subjacente ao conceito é muito mais vasta do que aquela que a mera descrição linguística pode denunciar.
Efectivamente, Hahnemann empregava o termo miasma no mesmo sentido com que ele
é definido actualmente, mas a sua conceptualização do fenómeno miasmático era bastante mais abrangente do que a priori se pode pensar.
Das palavras do Organon pode depreender-se, que para Hahnemann, miasmas são estigmas de infecções contraídas e suprimidas num passado remoto pelos nossos ancestrais. Estes estigmas são perpetuados pela linha genética, condicionando o modo reaccional de um organismo, que pode apresentar uma predisposição particular para contrair certas doenças e manifestar determinada realidade sintomática.
Este eminente fundador homeopata, desconhecendo os actuais conceitos de genética, microbiologia, virologia e bacteriologia, desenvolveu um corpo doutrinário capaz de explicar a perpetuação na linhagem genética de marcas resultantes de infecções bacteriológicas, e explica inclusive, as micromutações cromossómicas que sofremos ao longo das décadas ou séculos e que reflectem as adaptações aos meios patológicos.
Na realidade é mais fácil perceber as inequívocas macromutações –adaptações – aparentemente estáveis, que a nossa espécie sofreu ao longo de milénios, do que as transformações que os seres experimentam num espaço de tempo circunscrito a algumas décadas ou séculos Traduz-se assim, numa modalidade reaccional patológica específica dum indivíduo face a uma agressão patogénica indiferenciada.
Crê-se actualmente que o conceito de miasma hahnemanniano se encontra ultrapassado – principalmente devido às recentes concepções das Escolas Pluralistas que o consideram lacunar –, devido ao facto de este não englobar uma série de factores etiológicos de
carácter endógeno, nomeadamente a hereditariedade e a adaptação dos genes humanos.
Erradamente, esta perspectiva actual resulta de interpretações restritivas da obra de Hahnemann: da leitura atenta do capítulo do Organon referente aos miasmas, depreende-se que Hahnemann acreditava numa perpetuação dos efeitos miasmáticos. O § 81 do Organon denuncia que Hahnemann não descurou – embora não conhecesse – o conceito de hereditariedade e de micromutação dos genes nos organismos vivos face a agentes patogénicos exógenos .
Deve referir-se, que a remoção da superfície do organismo das manifestações de uma doença miasmática interna, deixando o miasma por curar, é a forma mais usual e prolífica de produzir doenças crónicas – Organon § 202/205. A supressão de um eczema na criança pode conduzir a ulteriores crises asmáticas. Hahnemann defendia que não se devia aplicar nas enfermidades locais, crónicas ou agudas, externamente, qualquer remédio, nem mesmo o homeopático correcto (Organon § 194; § 195).
Este conceito hahnemanniano, embora teoricamente correcto, deve ser interpretado à medida da experiência clínica do homeopata, dos efeitos das diversas substâncias ou
remédios no organismo, da patologia em causa ou da idiossincrasia do enfermo. A aplicação tópica de uma pomada de Arnica para um traumatismo físico recente, dificilmente terá complicações no organismo do paciente –.
A doença crónica progride do exterior para o interior, do baixo para o alto e os sintomas
desaparecem na ordem inversa do seu aparecimento.
Hahnemann, constatou que alguns doentes tratados convenientemente com o remédio
simillimum:
 tinham apenas leves melhorias;
 tinham recaídas;
 eram acossados por novas patologias – não confundir esta situação com aquela que pode
surgir com administração do simillimum imperfeito. Aqui, o paciente é acometido por novas
patologias e não por sintomas acessórios.
Daqui deduziu que subjacente à patologia aguda teria que existir uma crónica, que englobou em categorias diatésicas, verdadeiras disposições latentes, de causa hereditária ou adquirida, condicionantes do modo de reagir de um organismo, predispondo-o a contrair um certo número de doenças.
Assim, os doentes cujas patologias não respondessem satisfatoriamente ao simillimum, deveriam ser enquadrados naquelas categorias para efeitos de tratamento – cada uma das categorias engloba os pacientes cuja reacção patológica é análoga, independentemente do agente agressor –. 
Atente-se que a noção de doença crónica, não foi unanimemente aceite. Homeopatas
como Kent e Hering, não lhe atribuíram grande importância, desenvolvendo todos os
seus esforços na tentativa de descoberta do simillimum aplicável às situações
patológicas imediatas do paciente em observação.
Gibson Miller, aluno de Kent, sustentou a necessidade de serem administrados sucessivamente diversos remédios, com o fim das doenças crónicas atingirem a cura.
Se no decurso de uma doença crónica surgir uma doença aguda banal, deve ser prescrito o remédio mais indicado, mas em baixa dinamização, de forma a não interferir ou interferir o menos possível com a acção prioritária do remédio de fundo.
Hahnemann individualizou três categorias:
 Psora, derivada de uma intoxicação crónica – endógena ou exógena –.
 Sicose como resultado das consequências negativas das vacinações – v.g. a antivariólica –, blenorragia mal tratada e de todos os processos mórbidos repetitivos e rebeldes.
 Lues ou Sífilis, modalidade reaccional do organismo em face de agentes agressores
diversos, caracterizada por manifestações semelhantes à da infecção provocada
pelo Treponema pallidum. Nos tempos antigos a sífilis era considerada a causa da Luese.
Pelos trabalhos de Nebel e Vannier, incluem-se outras duas:
 Tuberculinismo, como conjunto de manifestações físicas e psíquicas, bem como orientações
mórbidas gerais imprimidas ao organismo por uma tuberculose que remonta a uma ou mais
gerações.
 Cancerinismo, forma nativa que susceptibiliza o organismo na direcção do risco oncológico.
Existindo um número considerável de remédios diatésicos, o terapeuta terá de procurar nas suas patogenesias os sintomas do quadro patológico apresentado pelo doente e obtido com recursos que não se limitam aos sinais recentes.
Ao lado de Sulfur, os medicamentos principais da Psora são: Arsenicum Album,
Lycopodium e Nux Vomica. A Calcarea Carbonica é o medicamento constitucional e
o nosodo é o Psorinum. (Constituição é um conceito essencialmente pluralista).
Ao lado da Thuya – a Thuya é a Sicose; a Sicose é a Thuya –, Dulcamara e Natrum
Sulfuricum.
O constitucional é a Calcarea Carbonica e o nosodo é o Medorrhinum.
o Para a Luese temos como principais ao lado de Mercurius Solubilis: Argentum Nitricum, Lachesis e Phytolacca.
O constitucional é Calcarea Fluorica e o nosodo é o Luesinum.
No Tuberculinismo, encontramos Phosphorus, Natrum Muriaticum, Pulsatilla e Sépia.
O constitucional é a Calcarea Phosphorica e o nosodo é o Tuberculinum.
A série cancerínica é a mais recente e não está bem definida.
O nosodo é o Carcinosinum.
Os três grandes cancerínicos são: Thuya, Conium e Hydrastis.
É aqui de vital importância a anamnese e o simillimum terá de estender a sua acção, quer aos sintomas imediatos quer aos mediatos – os que constituem o modo reaccional daquele paciente –.
Numa doença crónica, a totalidade dos sintomas, compreende os existentes desde o nascimento, excluindo os que se apresentem como estruturadores de um quadro agudo.
Em regra, o simillimum terá propriedades de cura quer no agudo, quer no crónico, mas quando tal não aconteça, terão de se receitar sucessivamente vários medicamentos, em consonância com a reavaliação constante do paciente e da patologia. Mas apenas um de cada vez.
Recordamos que as Escolas Pluralistas preconizam a utilização simultânea de vários medicamentos e que as Complexistas misturam várias substâncias na mesma solução excipiente.
Embora a prática clínica possa indicar a existência de resultados favoráveis mediante a particular prescrição terapêutica destas duas Escolas, aconselhamos a que os princípios basilares da homeopatia sejam inteiramente respeitados, até que a experiência clínica pessoal alicerçada os conteste.
É importante frisar que todos nós somos polidiatésicos – as diáteses puras ou quase puras só surgem em pediatria – e as diáteses devem ser tratadas na ordem cronológica inversa ao seu aparecimento: primeiro a mais recente, depois a(s) mais antiga(s).
Se constatarmos uma determinada diátese actual, a sua cura fará com que surjam os sinais da diátese ou diáteses mais antigas, que serão tratadas em ordem sucessiva com o
respectivo simillimum, até ao desaparecimento integral de todos os sintomas.
Cada paciente individualmente considerado, exibe apenas uma parte total dos sintomas que constituem a extensão total da diátese, extensão esta que foi obtida pela observação de muitos pacientes acometidos dessa “doença crónica”.
No domínio das diáteses, para além dos medicamentos de referência, crê-se que exerçamum papel fundamental os nosodos, policrestos de acção quer geral, quer local – Psorinum, Medorrhinum, Luesinum, Tuberculinum e Carcinosinum –.
Os nosodos são produtos patológicos tecidulares ou extraídos de secreções mórbidas de origem vegetal, animal ou humana, diluídos e dinamizados segundo as técnicas da farmácia homeopática, administrados a partir da 6ª diluição decimal.
Os métodos bioterápicos foram desenvolvidos em França, paralelamente à homeopatia.
 O Psorinum é a diluição da substância sero-purulenta contida na vesícula da sarna.
 O Medorrhinum é a diluição da secreção purulenta blenorrágica.
 O Luesinum é o lisado das serosidades treponémicas de cancros primitivos.
 O Tuberculinum é a tuberculina bruta obtida da mycobacterium tuberculosis.
 O Carcinosinum é preparado a partir de nódulos cancerosos, particularmente do seio –
adverte-se que não é um remédio do cancro, mas da diátese cancerínica –.
É necessário reconhecer que apenas uma pequena parte dos bioterápicos podem ser considerados medicamentos homeopáticos, porquanto a maioria carece de experimentação, de patogenesia. Entre os que assim são reconhecidos, estão os supra mencionados.
Já referimos o medicamento constitucional de cada uma das diáteses:
 Psora – Calcarea Carbonica;
 Sicose – Calcarea Carbonica;
 Lues - Calcarea Fluorica;
 Tuberculinismo – Calcarea Phosphorica.
As constituições – o conceito de constituição tem o seu domínio praticamente limitado à Escola Pluralista –, carbónica, fosfórica e fluórica, que são uma constante dos indivíduos, foram estudadas por Nebel e são determinadas pela observação do esqueleto e da forma do corpo.
O carbónico apresenta formas arredondadas e o antebraço apresenta na posição de
repouso, relativamente ao braço, um ângulo inferior a 180º.
O fosfórico é um longílineo, grande e magro. O antebraço está exactamente no
prolongamento do braço.
O fluórico é um longílineo ou brevílineo, com o rosto e o corpo dissimétricos, decorrentes de deformações esqueléticas. Os dentes estão mal implantados.
antebraço apresenta relativamente ao braço, um ângulo superior a 180º.
Expomos a seguir, ainda que sumariamente, os principais sinais e sintomas das várias diáteses, deforma a que o homeopata possa expeditamente subsumir-lhes o quadro clínico apresentado pelo doente sujeito a observação –para o estudo desta matéria, é fundamental a obra: “As diáteses homeopáticas”, de Max Tétau, Editora Andrei, 1998 – veja-se ainda o desenvolvimento da mesma, no nosso livro Homeopatia Essencial, da editora SeteCaminhos –.
PSORA
A psora resulta na sua base conceptual Hahnemaniana, das sarnas cutâneas. Estas abundavam na época e encontravam-se mal definidas clinicamente. Deste modo, a psora não resulta exclusivamente da sarna mas também de toda uma série de enfermidades dermatológicas – eczemas, dermatoses, dermatites, micoses, etc. –.
Este grande miasma, comporta assim uma componente cutânea, seja ela adquirida ou congénita.
No que respeita ao quadro sintomático e de sinais clínicos psóricos:
 Dermatologicamente apresentam-se manifestações mais ou menos intensas do miasma
psórico.
O simples prurido é um sintoma da psora.
 Sintomatologia respiratória, crónica, alternada e com periodicidade.
 Termoregulação alterada.
 A presença de sintomatologia pertencente ao aparelho digestivo.
Obstipação, funcionamento intestinal comprometido, desejo de açúcares e alterações do apetite.
 Todas as secreções e excreções apresentam um odor forte e desagradável.
 Problemas das faneras, especialmente das unhas.
 Problemas ginecológicos – prurido vulvar, leucorreias nauseabundas e irritantes.
 Propensão a parasitoses.
 Astenia e tristeza exacerbadas.
Modalidades:
 Agrava pelo frio ou pelo calor.
 Agravamento com o tipo de Lua – cheia, nova, quarto minguante –.
SICOSE
A sicose resulta da evolução crónica de uma gonorreia. O conceito de sicose além de se enquadrar no quadro patológico da blenorragia, ultrapassava os seus limites e englobava qualquer tipo de tumoração benigna.
Os principais sinais e sintomas clínicos são:
 Corrimentos genitais.
 Diarreias de cor esverdeada.
 Sudação exacerbada.
 Exsudação rinofaríngea e do aparelho respiratório.
 Neoformações cutâneas.
 Tumoração volumosa, lenta, regular e benigna.
 Aumento de peso.
 Ruminação de pensamentos, angústia e mau humor. Quadros fóbicos, especialmente o
receio de neoplasias.
Ideias fixas e sensações corporais bizarras.
 Agravamento das enfermidades pela humidade, especialmente pelo frio húmido.
 Dores articulares.
 Ingestão exagerada de chás.
Modalidades
 Agrava mediante todas as formas de humidade.
 Má reacção à vacinação.
 Agrava por certos alimentos – chá, café, cebola –.
 Melhora com a secura e o calor.
 Melhora com eliminações líquidas.
LUETISMO OU MIASMA SIFILÍTICO
Hahnemann descreveu-a originalmente como sífilis visto resultar etiologicamente de uma infecção peloTreponema Pallidum.
A Lues – como é conhecida actualmente – reflecte a evolução de uma doença pelo chamado “cancro duro”.
Sinais e sintomas da Lues:
 Instabilidade de carácter com distúrbios da actividade e agitação.
 Condutas obsessivas.
 Insónias.
 Exacerbação das secreções que atinge os diversos aparelhos.
 Algias ósseas insustentáveis.
 Ulcerações associadas aos diferentes aparelhos.
 Progressão regular da hipertensão arterial severa.
 Varizes e úlceras varicosas.
 Amigdalites, anginas recidivantes e repetidas, parodontoses.
 Dissimetrias morfológicas evidentes.
Modalidades:
 Agravamento geral de todas as patologias à noite.
 Melhoria geral na montanha.
TUBERCULINISMO
Esta é uma diátese actual, identificada por Nebel e Léon Vannier. É fruto da tuberculose e os seus órgãos alvos são os respeitantes ao aparelho respiratório.
Principais sinais e sintomas da diátese tuberculínica:
 Sensibilidade reactiva aumentada a todas as agressões do aparelho respiratório.
 Insuficiência respiratória.
 Desmineralização global – dores dorsais frequentes, magreza apesar do apetite voraz,
esgotamento físico e intelectual rápidos, agitação permanente –.
 Variação extrema de todos os sintomas, sejam físicos ou mentais.
 Cefaleias frequentes.
 Apetite intenso.
 Disfunções cardíacas – hipotensão, taquicardias, precordialgias –.
 Diarreias fáceis.
 Hipersexualidade.
 Fluxo menstrual abundante.
 Algias articulares.
 Congestão venosa periférica.
 Sudação profusa.
 Cistalgias e cistites frequentes no sexo feminino.
 Tosse fraca e frequente.
 Tendência hemorrágica.
 Ataques febris inesperados.
CANCERINISMO
Esta diátese é fruto de estudos recentes e caracteriza-se como um modo reaccional que pende sobre o risco da oncogénese.
Como principais sinais e sintomas clínicos desta diátese temos:
 Propensão à formação de nódulos inflamatórios –próstata, gânglios, útero, cólon, seios –.
 Dores que queimam, lancinantes, repetitivas localizadas nos processos inflamatórios.
 Falência da energia vital – fadiga e tristeza profundas, emagrecimento lento, frio
excessivo –.
 Alterações do aparelho digestivo – ardor e sensação de queimadura na boca, ardor no
estômago, dores que queimam e câimbras abdominais, hemorróidas permanentes –.
 Afecções pulmonares, renais e geniturinárias.
 Alterações de monta na pele.
Modalidades:
 Agrava pelo frio, pelas alimentações excessivamente ricas e por um esforço mental
excessivo e constante.
 Melhora com um clima ameno e temperado, alimentação desintoxicante e pelo repouso.
Expostas as diáteses homeopáticas, fazemos um reparo a respeito da sua utilização na prática homeopática.
Efectivamente, a sua importância clínica não deve ser descurada de modo algum, mas o modo como se efectua a terapêutica nalguns casos conhecidos deixa muito a desejar.
A prescrição de nosodos ou de qualquer remédio diatésico deve ser sempre precedida
por um estudo profundo, que tome em linha de conta as leis da similitude.
A Inutilidade Das Constituições Segundo Kent, a classificação das constituições é inútil para auxiliar o homeopata na prescrição do simillimum.Inútil e perigosa, dizemos nós, quando vemos alguns pretensos homeopatas fazerem um uso indiscriminado e mecânico desse processo mental simples. Pouco nos falta para vermos generalizada uma corrente astro-homeopática...
Em bom rigor, cada indivíduo é uma verdadeira constituição, e inexistirão provavelmente no planeta, dois seres, que justifiquem apenas pela sua inclusão numa determinada tipologia, a prescrição do mesmo medicamento.
A noção de constituição não é coincidente com a de “terreno”. Nesta, evocamos uma particular sensibilidade de um indivíduo a um certo número de patologias – constata-se que no mesmo enfermo surgem repetidamente doenças com características comuns –.
É corrente a divisão em três grupos, de quadros susceptíveis de descreverem as diferentes
características morfo-fisio-patológicas de um determinado indivíduo:
 A constituição;
 A diátese; e
 O temperamento.
As diáteses já foram sumariamente analisadas num outro artigo, onde se mencionou o facto da noção de doença hahnemanniana crónica não ter sido unanimemente aceite.
Homeopatas como Kent e Hering, não lhe atribuíram grande importância, desenvolvendo todos os seus esforços na tentativa de descoberta do simillimum. Não obstante, Gibson Miller, aluno de Kent, sustentou a necessidade de serem administrados sucessivamente diversos remédios, com o fim das doenças crónicas atingirem a cura.
Os temperamentos representam um conjunto de características psicológicas normalmente agrupadas em quatro modelos:
 O sanguíneo;
 O bilioso ou colérico;
 O nervoso ou melancólico; e
 O linfático ou fleumático.
Esta compartimentação não tem qualquer utilidade em homeopatia, onde o indivíduo é considerado globalmente, valendo aqui as mesmas razões que Kent expendeu para declarar a inutilidade das constituições em sede de prescrição.
A constituição define os indivíduos segundo características biotipológicas, só se encontrando estabilizada na idade adulta, quando o sistema músculo-esquelético atingir o seu pleno desenvolvimento – v.g., constituição carbónica, fosfórica e fluórica –.
A escola francesa recorre em excesso ao denominado remédio constitucional, que é o que apresenta sinais e sintomas semelhantes aos que definem uma constituição particular e que descreve um tipo morfológico considerado como tipo sensível.
Como Kent, consideramos que os seres humanos são milhares de vezes mais complexos que um jogo de xadrez nas mãos de jogadores extremamente hábeis.
A mente de cada indivíduo apresenta sintomas que só muito ocasionalmente serão semelhantes aos de um outro, englobado na mesma constituição.
O que o homeopata tem de pesquisar é a totalidade sintomática do paciente – como iremos
constatar nos artigos que se seguem –, de molde a que com a necessária diligência e capacidade de individualização, prescreva estribado no princípio da similitude.
Sintomas
Os sintomas expressam as tentativas do organismo em se curar a si próprio.
Em homeopatia há que distinguir os inerentes à própria doença, dos sinais ou condições que
pertencem caracteristicamente ao doente enquanto indivíduo.
Pode acontecer, que um determinado medicamento cubra todos os sinais e sintomas da doença – tendo em vista que a matéria médica homeopática é acima de tudo um registo de sintomas –, eaquele não seja o escolhido como simillimum, perante a falta de correspondência com as condições gerais do paciente.
Se um doente apresenta todos os sintomas mais característicos de Arsenicum Album – v.g., medo da morte com agitação e exaustão, agravamento periódico dos sintomas, ores sentidas com sensação de queimação, agravamento nocturno por volta da meia-noite – e os sintomas da doença aguda estão delimitados num outro medicamento, pode ser aquele e não este a ser prescrito.
Em homeopatia não existem doenças, só doentes. Não é o reumatismo, a depressão, a ansiedade, a artrite ou a enxaqueca que são curados, embora se vise a supressão da sintomatologia associada à patologia de que se padece. Cura-se sim, o paciente que sofre de artrite, reumatismo ou enxaqueca.
Hahnemann terá respondido certa vez a um paciente que o inquiriu sobre a sua doença e prescrição homeopática: “O nome da sua doença não é problema meu, e o nome do medicamento que lhe dou não é problema seu”.
Nesta perspectiva, os sintomas característicos do paciente são mais importantes que os sintomas e sinais da doença – denominados patognomónicos –.
O que caracteriza no essencial um indivíduo são as suas características mentais, aversões e desejos, comportamento e reacção aos elementos naturais.
Hahnemann, percebeu que os sintomas importantes são os característicos, peculiares, raros, raríssimos, repetitivos e inexplicáveis. Incluem-se ainda os sintomas mentais – que também podem ser categorizados mediante as premissas acima referenciadas –, que deverão ser sempre utilizados para a selecção final do medicamento.
Os sintomas que nos devem guiar na escolha criteriosa do simillimum, são os individualizantes do doente, que devem ter correspondência na patogenesia do medicamento.
 Os sintomas característicos, individualizam ou caracterizam o paciente no âmbito da
totalidade sintomática, estando geralmente associados a modalidades de melhoria ou
agravamento.
 Os peculiares são sintomas característicos, específicos de alguns medicamentos – ex.: o
medo da morte com agitação entre a uma e as três horas de Arsenicum Album, de
apoplexia ao anoitecer de Pulsatilla – ou do próprio doente e do seu caso clínico – ex.: febre
alta sem sede, calafrio com sede de água fria –.
 Os raros, como o próprio nome indica, só muito raramente se verificam e no repertório são
constituídos por rubricas com um número igual ou inferior a três medicamentos – medo de
passar por esquinas: Argentum Nitricum e Kali-Bromatum –.
 Os raríssimos, também denominados Keynotes, encontram-se em rubricas com apenas um medicamento– a sensação como se o corpo fosse frágil, de vidro, de Thuya –.
Alguns homeopatas quando constatam num paciente a existência de um sintoma raríssimo,
procedem sem mais à prescrição desse medicamento. No entanto, tal procedimento é contrário aos princípios da doutrina homeopática. A função do Keynote deve ser meramente indicativa e auxiliar do diagnóstico diferencial.
São estes os sintomas que o homeopata deve investigar escrupulosamente no paciente – Clarke afirmava que se um paciente lhe dissesse “Há uma coisa que não sei se lhe devo contar, doutor”, não descansava enquanto este não lhe contasse de que realmente tratava a tal “coisa” (Receituário Homeopático, Editorial Martins Fontes, pág. 68) –.
Pesquisava assim, os sintomas mais peculiares e absurdos e que quando presentes, são determinantes para a escolha do medicamento, claro está, com sujeição prévia a uma hierarquização.
Alguns sintomas são mais importantes que outros e devem ser valorizados, quer em sede de repertorização, quer de prescrição. A hierarquização que atribuímos aos sintomas relevantes – apreciaremos infra a matéria respeitante à valorização dos sintomas – pode traduzir-se no esquema seguinte:
 Sintomas etiológicos: Transtornos por...; Todos os factores desencadeadores do quadro
sintomático actual, quer endógenos ou exógenos, físicos ou mentais.
 Sintomas e sinais do quadro clínico/homeopático individual:
o Mentais
 Sintomas da imaginação: Sensações, ilusões, delírios e sonhos.
 Emocionais
 Volitivos
 Intelectivos
Gerais: transpiração, sono, sede, apetite, febre, características das eliminações,etc.
Locais: cabeça, peito, estômago, etc.
 Sintomas extraídos da história clínica: transtornos funcionais – comuns e
patognomónicos – e lesões orgânicas.
Nota: Os sintomas pertencentes ao grupo II deverão ser sempre que possível bem modalizados.
Este grupo, aonde for aplicável, pressupõe a inspecção ou exame físico, levado a cabo pelo homeopata.
A prescrição sobre a totalidade dos sintomas, não corresponde à prescrição sobre todos os sintomas.
É essencial isolar o maior número possível de individualizantes, que nos conduzam ao simillimum.
Pode dizer-se em síntese, que os sintomas característicos, peculiares, raros e estranhos ou absurdos, são os que definem o paciente e os que em regra mais atraem a nossa atenção, podendo conduzir ao esclarecimento por via diferencial, do resultado obtido por via do estabelecimento da Síndrome Mínima de Valor Máximo. Esta é constituída por 3 a 5 sintomas caracterizadores da individualidade do paciente, inscritos em rubricas com um número médio de medicamentos – rubricas que não tenham muitos nem poucos medicamentos inscritos –, conforme veremos mais detalhadamente no artigo referente à Repertorização.
Alguns autores, nomeadamente Séror, consideram um bom sintoma ou sinal o que pode ser
encontrado num organismo vivo, mas não num cadáver: uma úlcera ou fractura é visível num ser desprovido de vida, mas o medo da morte ou da multidão, não. Os primeiros são de importância secundária, enquanto que os segundos assinalam a manifestação da vida através da matéria.
Por outro lado, um sintoma explicável é um mau sintoma: uma criança que tem aversão a doces porquanto produtores de enormes dores dentárias. Um sintoma inexplicável, como desfazer-se em lágrimas sem saber porquê, é manifestamente um bom sintoma.
Na mesma hierarquia devemos colocar os inconscientes, v.g., as múltiplas manifestações do sono.
Os sintomas mais comuns e indefinidos, tais como tristeza, ansiedade, medo, perda de apetite, sono agitado, desconforto, cefaleias, não merecem em especial a nossa atenção, porque são observados em quase todas as doenças e elencam o quadro sintomático de grande número de medicamentos.
Os sintomas gerais, que respeitam ao corpo na sua integralidade, têm um valor superior aos locais.
Um só sintoma geral, bem marcante, é mais importante que o conjunto de locais ou particulares.
Quando o doente fala na primeira pessoa do singular, podemos estar quase certos que se refere a um sintoma geral: eu tenho frio; eu tenho sede.
Por outro lado, a importância dos sintomas mentais não pode ser descurada. Os mais importantes são os que manifestam a vontade e a afectividade do paciente. Depois, vêm os relativos à inteligência, seguidos pelos atinentes à memória.
Há sempre que reconhecer quais os sintomas comuns à doença e os que são característicos do doente, estes sim de vital importância.